Muito além da produtividade

Você pode ter uma longa lista de metas que acredita que lhe proporcionarão satisfação quando forem atingidas, mas, se examinar seu estado de felicidade neste momento, perceberá que a realização de algumas ambições não criaram um sentido duradouro de alegria. Wayne W. Wyner

Todo mundo quer mais. Ser mais produtivo é o objetivo da maioria das pessoas. Nós queremos fazer mais exercícios físicos, escrever e ler mais, queremos estar mais com a família, enfim… queremos sempre descobrir novas estratégias para aumentar a produtividade. Muitas pessoas até se definem como sendo preguiçosas crônicas por não alcançarem tantas metas…

O final do ano se aproximando e em tempos de alta do nomadismo digital e do empreendedorismo, essa preocupação tem sido cada vez mais presente. Ter a liberdade de trabalhar em casa por conta própria e ser produtivo, exige muito conhecimento: de si e de técnicas e estratégias cientificamente comprovadas.

O aumento da produtividade começa na autoconsciência: quanto aos seus desejos (motivações), valores, medos, mindset, propósito.

A autoconsciência é a chave para a mudança pessoal, a criação de novos hábitos e a sua manutenção. Sem autoconsciência, não existe razão para gerenciar a força de vontade e não haverá aumento da produtividade. Na evolução humana, o cérebro desenvolveu a autoconsciência antes do autocontrole (força de vontade), por isso estar consciente é tão importante. Porém, de nada adianta parar na autoconsciência. É preciso saber agir de acordo com as intenções, os pensamentos e sentimentos do qual tomamos consciência (e talvez mudá-los).

É possível perceber, no trabalho, na família, nas ruas, aqui nas redes, muitas pessoas sofrendo pela falta de autoconsciência – verdadeiros zumbis que não largam o celular, pessoas que comem muito mais do que realmente precisam, acidentes de trânsito decorrentes da falta de atenção.

Outro sintoma característico da falta de autoconsciência é a chamada síndrome da agenda lotada, largamente associada à procrastinação: é aquela condição em que a pessoa tem muitos compromissos e tarefas, mas sem resultados efetivos. Tem energia, mas falta foco para direcioná-la. É possível fazer uma reflexão cuidadosa sobre a sua organização e minimizar as consequências das ações ineficazes.

1.   Na sua agenda, existe um tempo reservado para avaliar os pontos positivos e pontos a melhorar em sua semana? O que você vem observando dos pontos a melhorar?

2.   À noite, antes de dormir, você sente cansaço e teve muitas atividades e tarefas sem resultados objetivos? Descreva as atividades e tarefas e quais poderiam ser modificadas ou eliminadas.

3.   Você sabe estabelecer prioridades? Quais são elas?

4.   Sabe buscar orientação/monitoramento de terceiros quando necessário? Quem são as pessoas que podem ajudá-lo?

Existem muitos outros questionamentos para diagnosticar os desvios de sua produtividade e aumentar a autoconsciência para os prejuízos advindos desses desvios. Você também pode ter uma agenda que favoreça o aumento da autoconsciência. A Máxima Performance tem um agenda que possibilita o autoconhecimento em relação aos aspectos envolvidos no gerenciamento da força de vontade.

Nesse artigo, não queremos explorar cada um desses elementos que interferem na produtividade (são assuntos para livros). Ele é muito mais para alertar as pessoas de que não adianta querer aumentar a produtividade somente com técnicas e estratégias aprendidas em cursos e workshops, se não houver aumento da autoconsciência dos seus pensamentos, de suas emoções, de suas intenções.

Outro objetivo desse artigo é lembrar que não basta ter produtividade alta, é preciso ser feliz e ter qualidade de vida.

Quantas pessoas você conhece que são muito produtivas, mas são estressadas e/ou têm problemas de relacionamento? Claro que sempre existem pessoas acima da média, que conseguem trabalhar 70 horas por semana e ter relacionamentos saudáveis, mas não são a regra (parece que nem mesmo Elon Musk, com sua genialidade, consegue essa façanha). A maioria das pessoas precisa aceitar as suas limitações e aprender a gerenciar sua energia, seu tempo para não prejudicar uma das áreas da sua vida.

Aqui, entra o papel do autocontrole ou força de vontade na evolução humana, contribuindo para conciliar produtividade com qualidade de vida. Estudando o tema com o objetivo de ajudar as pessoas a realizarem suas metas, encontrei essa agradável surpresa: “a força de vontade foi desenvolvida pelo ser humano para viver melhor em grupo e é a competência que nos levará a uma vida coletiva saudável”, segundo um dos maiores pesquisadores do tema, Roy Baumeister. Ele também enfatiza:

A nossa força de vontade nos tornou uma das criaturas mais adaptáveis do planeta, e estamos redescobrindo como ajudar uns aos outros a usá-la. Estamos descobrindo, uma vez mais, que a força de vontade é a virtude que diferencia a nossa espécie e que torna forte cada um de nós.

Desejamos um novo ano muito produtivo. Mas principalmente, mais equilibrado e feliz, junto às pessoas que você ama.